terça-feira, 28 de janeiro de 2014

(2011)"Attack the Block" - Quando os "rolezeiros" são os heróis



Bambinni, desde que os tais "rolezinhos" começaram a aparecer na imprensa que algunos fãs de cinema vem comparando-os com o filme "Despertar dos Mortos", clássico filme de morti-vivendi de George Romero e o mais lucrativo para ele, de sua franquia de 6 filmes (vai gostar de morto assim lá no Aracá). A associação é meio óbvia: pessoas dentro de uno shopping center encurraladas por otras cuja presença non é bem-vinda (e non estou falando dos zumbis. Quem viu o filme inteiro sabe que o perigo real é otro). No entanto eu quero fugir do comum. Enquanto a maioria dos filmes com delinquentes juvenis (Apesar de que non acho que os "rolezeiros" sejam de fato "delinquentes". Compartilho da mesma opinião do Monocotidiano) ou trata o jovem como "perigo para a sociedade" ou a sociedade como "perigo para os jovens", esse "Attack the Block" traz una abordagem diferente, mais fantasiosa, em que os jovens marginais salvam a cidade de uno inimigo fora do comum, mas que non deixa de ser uno "perigo real e imediato"(CHEGA DE REFERÊNCIAS!)




Evidente que como os "rolezeiros" (chamo-os assim unicamente para ganhar cliques. Sou sem-vergonha mesmo) são os "heróis" do filme, a história é contada de modo a lhe ser simpática, contudo desde o início, a película nos mostra que os protagonistas são marginais e que constituem una verdadeira ameaça para quem cruza o seu caminho. Logo na primeira sequência, nós vemos a enfermeira Sam (Jodie Whitaker), recém-chegada ao bairro da "zona sul de Londres" (Brixton?) sendo cercada e assaltada pelo bando de delinquentes que lá vivem e são liderados por Moses (John Boyega).



O assalto é interrompido por uno objeto estranho vindo do céu que cai em cima de uno carro estacionado na rua. Em vez de os rolezeiros se afastarem do lugar o quê que eles fazem? Vão justo na direção do negócio (conforme foi criticado no podcast do Toca o Terror sobre "Terror no Espaço") e aí Moses é ferido no rosto por una criatura que parece uno alien (daqueles da Sigourney Weaver), que é prontamente morto pela gangue (AQUI É BOCADA, MANO!). Lembrando sempre que a associação Aliens/Periferia já havia sido feita de una forma diferente pelo espetacular "Distrito 9"





E o quê que os bambinni fazem depois que acabam com a raça do ET? Levam a carcaça para trocar por maconha (Gangue letra a) nos Testes de Macho)!


Para variar, o "revendedor" da droga (ele tem uno "patrão" que aparecerá logo em seguida) é Nick Frost, o gordo deitão parceiro do loirinho cabeçudo Simon Pegg em vários filmes como "Shaun of the dead", "Hot Fuzz", "The World's End" (FANTÁSTICO!), "Tintim" e otro filme de aliens "Paul", para o qual inclusive, ele deixou crescer o cabelo e é assim que ele aparece aqui.



O "dono da boca", que atende pela alcunha de Hi Hatz (Jumayn Hunter), non dá muita trela para a carcaça de alienígena, mas ele vai com a cara de Moses e tenta fazer dele uno de seus "distribuidores", contudo o ragazzo nem tem tempo de iniciar o trabalho, pois na mesma noite aterrissam na "quebrada" vários otros monstros do espaço, unos cachorros cegos do tamanho de gorilas e com dentes azuis fosforescentes. O NEGÓCIO COMEÇA A FICAR SÉRIO!










Cada rolezeiro vai para o seu apartamento (todos moram no mesmo prédio em andares diferentes) pegar suas armas para fazer o "rolêzinho dos aliens" e enfrentar os bichos. Quando eu escrevo "armas", leia-se: bastões de baseball, facões, fogos de artifício e sinalizadores (o prédio deles é quase una sede da Gaviões da Fiel). O engraçado é a naturalidade com que suas mamas e papas encaram o fato de seus filhos virem até o apartamento buscar essas cosas e irem embora.

- "Onde você vai com esse facão, meu filho?"
-"Vou ali!"
-"Leva o cachorro para passear então!"




Ainda tem dois bambini que mal saíram das fraldas e já querem matar aliens também, mas logo tomam unos cascudos dos mais velhos e mandados para a casa (o que as pestes non obedecem).




Como desgraça pocca é bobagem, Moses é preso e reconhecido pela enfermeira vítima do assalto, mas logo os policiais são estraçalhados pelas criaturas, que são afugentadas pelos fogos de artifício dos rolezeiros. Moses e seus "parças" fogem com a van da polizia.






"Ah! Agora eles estão à salvo!" NON! Pois tão logo eles fogem com a van acabam batendo justo no carro do Hi Hatz e passam a ter TRÊS motivos para fugir: aliens, chefe da boca e a polizia (sendo que agora além de ser processados por roubo à mão armada e tráfico, também terão em suas fichas, assassinato de polizias e roubo de viatura. Dia normal).



Logo logo, Hi Hatz e seu capanga de 150 kg acabam descobrindo da pior maneira possível (para o capanga) que os monstros do espaço sideral non foram inventados pelo ragazzo Moses.


Os rolezeiros acabam voltando para o seu prédio, onde coincidentemente também mora a enfermeira, que tinha aproveitado toda a confusão para fugir. Como os aliens os seguem (e no último ato do filme a gente descobre o porquê), logo Sam é obrigada a esquecer (ou ao menos tentar) o roubo e unir forças com seus vizinhos marginais, pois todos estão do mesmo lado.





Isso é algo legal do filme: Non há maniqueísmos. Os aliens tem una razão para estar lá, o rolezeiros tem una razão para cometer seus delitos, a enfermeira tem suas razões para se sentir intimidada (ela chegou no prédio há algunos meses e a recepção que ganha é uno assalto, praticado pelo seus novos vizinhos que non sabiam que ela morava em seu prédio), Hi Hatz tem sua razão para estar com raiva de Moses (a confusão com os ETs e o roubo atraiu a polícia para a sua boca e atrapalhou seus negócios), enfim, as circunstâncias é que determinam as ações dos personagens, non o seu "caráter". É algo que falta em muitas produções americanas, infelizmente.






Isso non quer dizer que o filme seja perfeito. É uno filme de orçamento bem limitado (cheio de logos na abertura, igual filme nacional, inclusive uno deles é da loteria inglesa) e é o primeiro filme do diretor Joe Cornish para o cinema (já fez trabalhos como diretor e roteirista para a TV, roteirizou o filme "As Aventuras de Tintim" e roteirizará "O Homem-Formiga"), o que non é necessariamente sinônimo de filme ruim (vide "A noite dos mortos-vivos" de George Romero). O problema é que o filme é meio "corrido", com as situações se acumulando e os personagens non causam tanta empatia, independente da sua classe social.






Em todo o caso, para uno filme de iniciante ele é muito bom. Foi indicado ao Bafta (o "Oscar" inglês) como melhor estreia cinematográfica, perdendo para "Tiranossauro" dirigido pelo ator Paddy Considine, que atuou sabe onde? Nos filmes da dupla Frost/Pegg, dirigidos por Edgar Wright, que é produtor executivo de "Ataque" e uno dos responsáveis pela divulgação do filme mundo afora (QUE PANELINHA, HEIN! UNA VERDADEIRA MÁFIA...NÃO PERA!). O próprio Joe Cornish fez figuração em dois filmes de Edgar ("Shaun of the dead" como zumbi e em "Hot Fuzz" como perito criminal na parte em que Simon Pegg o confunde com sua ex-namorada, já que todos estão mascarados)

Só tá faltando o Joe Cornish nesta foto
Além disso, a maioria dos atores é novata e foi recrutada nas escolas de Londres, audições abertas e por anúncios. Sem contar que Joe Cornish fez una intensa pesquisa para descobrir como os jovens da periferia de Londres falam e que armas usariam em caso de invasão alienígena. 














Enfim, apesar de non ser uno filme primoroso (principalmente se compararmos com os de Wright) é una boa oportunidade de vermos una abordagem diferente dos aliens e, principlamente, dos jovens de periferia no cinema (cosa que non vemos nem nos filmes daqui)




Cotação:
7/10 cabeças de cavalo: Melhor do que ir no Shopping Itaquera

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_9
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/criador-da-pagina-testes-de-macho-diz-nao-receber-queixas
http://www.imdb.com/title/tt1478964/fullcredits?ref_=tt_cl_sm#cast
http://www.sonderland.org/wp-content/uploads/2011/08/Attack-the-Block.jpg
http://www.fxguide.com/wp-content/uploads/2011/10/attacktheblock_featured.jpg
http://static1.celebrityredcarpet.co.uk/articles/0/41/40/@/14444-actor-eddie-marsan-director-edgar-1000x0-1.jpg
http://monocotidiano.wordpress.com/2014/01/21/como-o-casamento-por-interesse-as-guerras-santas-e-a-revolucao-industrial-trouxeram-ate-voce-o-rolezinho/#comments
http://blogtocaoterror.wordpress.com/2013/01/19/podcast-ep-09-terror-do-espaco/



5 comentários:

  1. Cara, eu gostei desse filme, e sou fã da maioria dos filmes roteirizados pelo Cornish, mas tenho que concordar que não tive muita empatia pelos personagens de uma forma geral. Devo acrescentar que a atuação da maioria dos moleques não ajudou muito.
    Mas é uma produção que recomendo, de qualquer jeito!

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    1. A inexperiência dos moleques non ajudou muito, mas non tinha como ser muito diferente. Se colocassem atores mais velhos e mais profissionais ficaria meio fake.

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    2. Sim, faz sentido. Acho que o Joe Cornish quis ser mais natural, eu não o condeno por isso.

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  2. Lembrando, também, que o filme foi lançado no Brasil com o nome "Ataque ao Prédio".

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